Transtorno mental: exame de sangue pode auxiliar diagnóstico

Exames de sangue de rotina são indicativos claros da saúde de um indivíduo, utilizados para diagnosticar inúmeras condições e doenças. No futuro, tais testes podem auxiliar também no diagnóstico de transtornos mentais, segundo um estudo da Universidade de Newcastle publicado em abril de 2022 na Science.

Pesquisadores analisaram dados genéticos, bioquímicos e psiquiátricos de quase 1 milhão de pessoas e descobriram correlações entre a presença de determinadas substâncias no sangue e a existência de certos transtornos. Mais estudos são necessários, mas entender melhor tais processos pode levar a novos tratamentos para doenças mentais e a uma melhor compreensão das causas relacionadas.

Em texto publicado no The Conversation, o cientista William Reay explica que tanto as doenças mentais quanto os biomarcadores no sangue são traços complexos que contam com o envolvimento de muitos fatores ambientais e genéticos. Com a análise de um grande número de dados, foi possível identificar a influência de pequenas variações genéticas no risco de determinada doença mental, assim como os níveis de certas substâncias no sangue.

“Por exemplo, houve correlação genética positiva no estudo entre contagem de glóbulos brancos e depressão. Isso poderia indicar que algum processo no corpo influencia a depressão e os glóbulos brancos. Se pudéssemos identificar qual é esse processo compartilhado, teríamos melhor compreensão do que causa a depressão e poderíamos definir um alvo de tratamento”, explicou o pesquisador.

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Como transtornos mentais são diagnosticados?

Hoje, psicólogos e psiquiatras utilizam uma série de instrumentos para diagnosticar transtornos. O trabalho multidisciplinar, descartando outras causas, investigando sintomas e analisando pensamentos e comportamentos, é importante para uma avaliação compreensiva do indivíduo, assim como prognóstico e tratamento.

Entrevistas com pacientes e familiares, observação e aplicação de testes psicológicos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) são alguns dos instrumentos que podem ser utilizados por psicólogos. Como referência aos profissionais, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), atualmente na quinta edição, lista uma série de critérios para facilitar o reconhecimento dos diversos transtornos.

Um exame de sangue poderia apoiar o diagnóstico de forma assertiva, diminuindo a subjetividade do processo e fornecendo mais um recurso aos profissionais de Saúde, que devem, ainda, investigar como o transtorno se manifesta naquele indivíduo em específico, quais são os impactos gerados, as necessidades de tratamento e o prognóstico.

O auxílio de um teste pode facilitar o reconhecimento da doença e proporcionar mais opções de tratamento, possibilitando uma visão mais completa do sujeito, que permita tratar as diferentes causas e os efeitos dos transtornos.

Fonte: American Psychiatric Association (APA), Conselho Regional de Psicologia (CRP-PR), The Conversation, Science